Cul
tural
Value

Como contamos o valor da cultura? Poetas e filósofos podem nos dizer em palavras, mas existem outras maneiras de medir quanto valem as artes? O que acontece se tentarmos expressar esse valor em números? Nas últimas duas décadas, o valor das artes foi contado em termos de sua contribuição monetária para o PIB. No entanto, quais são as outras medidas que podemos usar para expressar esse valor?

Desde 2016, Paul Heritage e Leandro Valiati vem desenvolvendo uma pesquisa que analisa como as organizações artísticas no Reino Unido e no Brasil podem produzir dados coerentes, consistentes e comparáveis sobre o valor do que fazem em relação aos territórios onde operam e estão localizadas. Essa pesquisa ajudou a informar outra pesquisa mais ampla sobre as políticas públicas que a Grã-Bretanha e o Brasil desenvolveram para estimular a produção e o consumo cultural.

Nossos objetivos

O Relative Values buscou construir uma nova narrativa sobre os impactos socioeconômicos gerados pelas atividades culturais, por meio de parcerias de pesquisa co-criativa com organizações artísticas na Grã-Bretanha e no Brasil.

Com base na experiência das artes e das ciências sociais, desenvolvemos uma metodologia interdisciplinar e, em colaboração, criamos indicadores multidimensionais para que organizações criativas e culturais possam desenvolver sua capacidade de pesquisa e compreensão e articular o valor cultural de iniciativas que buscam fazer mudanças reais e transformacionais em territórios vulneráveis. Juntos, desenvolvemos um sistema de avaliação para permitir que as organizações artísticas produzam dados socioeconômicos quantificáveis, evidenciando o valor cultural de seu trabalho.

Para mais informação, veja a seção Nossas histórias.

2016-2020: Desenvolvimento do trabalho

O programa de pesquisa começou em 2016 com Relative Values I, no qual co-criamos e testamos 100 indicadores multidimensionais e coletamos dados de 400 jovens em parceria com quatro grandes organizações artísticas: Agência de Redes para Juventude (Rio de Janeiro, Brasil) , Battersea Arts Centre (Londres, Reino Unido), Contact Theatre (Manchester, Reino Unido) e Centro de Artes da Maré (Rio de Janeiro, Brasil). Este trabalho foi financiado pelo Arts and Humanities Research Council.

Seguindo o sucesso do protótipo, adaptamos a metodologia de duas maneiras. Em primeiro lugar, conduzimos um programa de treinamento para capacitar artistas e produtores emergentes de contextos frágeis no Brasil a compreender e produzir evidências sobre os impactos socioeconômicos de suas próprias intervenções criativas em escala micro (Relative Values ​​II, 2019, apoiado pelo AHRC por meio do Fundo de Pesquisa de Desafios Globais). Em segundo lugar, fizemos uma parceria com a fundação cultural brasileira Fundação Itaú Cultural para adaptar a metodologia do Relative Values para avaliar o impacto socioeconômico de iniciativas culturais em territórios urbanos e rurais em todo o Brasil, apoiado pelo maior programa de financiamento aberto do Brasil, Rumos (Relative Values III, 2018-19).

Por fim, em Counting Culture, realizamos uma série de seminários sobre impacto e economia criativa com formuladores de políticas, instituições acadêmicas e culturais em Glasgow, Manchester, Cardiff, Londres (2018-20) e Rio de Janeiro (2021). Esta atividade foi parte de uma bolsa Newton Advanced Fellowship da British Academy para Leandro Valiati na QMUL.

Como funciona?

Nossa metodologia permite que organizações culturais, projetos e artistas obtenham dados qualitativos e quantitativos sobre o valor socioeconômico de seu trabalho. Indicadores multidimensionais sob medida são desenvolvidos de acordo com as necessidades de cada participante, e eles são treinados para coletar, analisar e apresentar seus dados para melhor comunicar o valor socioeconômico de seu trabalho.

Para mais informações você pode acessar o toolkit do Relative Values aqui

Quem está trabalhando no projeto?

A pesquisa é coordenada por Paul Heritage e Leandro Valiati, e produzida e gerida pela People’s Palace Projects da Queen Mary University of London, em parceria com o Núcleo de Estudos da Economia Criativa e da Cultura (NECCULT) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Ela tem sido vaibilizada através de colaborações com organizações artísticas e culturais no Brasil e no Reino Unido, incluindo: Agência de Redes para Juventude (Rio de Janeiro, Brasil), Battersea Arts Centre (Londres, Reino Unido), Contact Theatre (Manchester, Reino Unido) e Centro de Artes da Maré (Rio de Janeiro, Brasil), e com o apoio do Arts and Humanities Research Council (Reino Unido), British Academy (Reino Unido), Global Challenges Research Fund (Reino Unido), Newton Fund (Reino Unido) e Fundação Itaú Cultural (Brasil). O financiamento principal do Arts Council England como Organização Nacional de Portfólio apoia o People’s Palace Projects na entrega de todo o seu trabalho.

Por que importa?

O impacto das artes e das organizações culturais em questões de desenvolvimento socioeconômico – como bem-estar humano, inclusão social e diversidade – não é bem evidenciado. Precisamos de abordagens sistemáticas para medir o impacto das artes e da cultura em territórios vulneráveis para nos ajudar a compreender o valor da prática criativa além dos resultados econômicos diretos: em particular, como a cultura pode contribuir para o desenvolvimento socioeconômico eqüitativo de comunidades marginalizadas.

A metodologia de Relative Values permite que organizações que vão desde grandes instituições artísticas a produtores culturais individuais definam seus próprios indicadores multidimensionais e produzam conjuntos de dados robustos sobre o impacto mais amplo de sua prática, permitindo-lhes refinar seu trabalho e informar o diálogo com os legisladores, o público e instituições de financiamento privadas.